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É de menino? Prada e as lições da moda sem gênero


Tendo a achar meio cansativas as coberturas de semanas de moda. São desfiles demais, tempo de menos, e muita gente falando as mesmas coisas: acaba faltando um pouco de empolgação em fazer o trabalho andar. Mas como regras no ModaÉ convivem muito bem com exceções, desfiles especiais de vez em quando fazem a gente querer inovar. Foi esse o caso da apresentação masculina para o verão 2016 da Prada, apresentando ontem, 21, em Milão.


Miuccia Prada, como todos sabemos, é merecidamente uma das mais geniais e inquietas designers do nosso século, se não a maior. E ela, como poucos, vem intensificando os debates sobre a moda sem gênero nos últimos anos, ao sempre mesclar modelos masculinos e femininos em seus shows por temporadas seguintes.


Ontem, enquanto se acompanhava as propostas masculinas para o próximo verão, modelos femininas adentravam a passarela apresentando ao mesmo tempo a coleção feminina resort da marca. Mais prático impossível, e provavelmente, um grande favor para os veículos especializados, que sempre tem que se dividir entre dezenas de eventos durante o mesmo espaço de tempo.

Na passarela, um ar rebelde e meio inocente dos anos 60, com alfaiataria leve para os meninos e couro, listras e paetês translúcidos para as meninas. Ambos eram fãs mesmo de sobreposições, comprimentos curtos e tricôs leves, estampados com símbolos que retratavam com certa nostalgia essa infância perdida, como carros, foguetes e coelhinhos. Não se pode dizer que um gênero não usaria algumas peças do outro. E isso não é absolutamente prático e maravilhoso?


A questão do gênero da moda é um dos assuntos mais interessantes a serem discutidos. Se buscarmos na história, homens de peruca e salto alto eram socialmente aceitos. Como esquecer as peripécias de estilo da corte francesa nos séculos XVII e XVII? Hoje, tais adornos são logo associados – com muito preconceito, diga-se de passagem – as incríveis drag queens.


Mas qual é o problema de meninas usarem blazers, calças masculinas, e os meninos, os incríveis suéteres, casacos e shorts da Prada? O gênero, como se observa na nossa própria história, não seria apenas uma construção social? Miuccia mais uma vez nos faz pensar nessas coisas. E isso é bom.

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